Devaneios urbanos... duma caneta indiscreta

Tenho de admitir que em algo Espanha é boa. Na promoção do seu produto nacional. Mesmo que a qualidade não seja aquilo que pretendem, promovem como se nada melhor no mundo houvesse.

Três exemplos entre muitos; Rodolfo Chikili, Fernando Alonso e a Seleção Nacional de Futebol.

Rodolfo Chikili foi o representante Espanhol em 2008 no Festival Internacional da Canção. Após ter sido eleito, não houve dia em que não aparecesse em um ou mais programas de televisão. Nas rádios, a sua música passava vezes sem conta e fizeram-se concursos sobre o representante.

A vitória no Euro-Festival era uma certeza assumida e absorvida por todos.

Todo tipo de Marketing nacional e internacional foi feito em volta do homem.

Quando no grande dia se souberam os resultados finais, todos foram os que viram que toda a expectativa tinha sido um fracasso total. Todos, menos o povo Espanhol.

Mesmo tendo ficado muito mal classificado em termos globais, Rodolfo Chikili foi recebido em grande ovação e como um heroi nacional. Afinal tinha ficado classificado cinco posições à frente dos últimos dez representantes espanhois.

Nos meses seguinte foram feitos programas televisivos com Rodolfo, como se tivesse ganho.

Fernando Alonso teve um ano desportivo miserável, ao ponto de pôr em causa a continuação com a equipa Renault.

Por estas terras vizinhas, o homem nunca foi culpado dos resultados obtidos, mas sim a máquina francesa.

Quando a penultima e ante-penultima prova foram ganhas por Fernando, os jornalistas espanhois a viva voz evocaram o piloto e diziam que a Renault e Briatori deveriam agradecer ao homem das Astúrias por ter salvo a época com o seu esforço e determinação. Uma vez mais, o produto nacional è frente.

No Europeu de Futebol, a loucura em volta da Seleção com o slogan "Podemos", que fazia lembrar Obama com o "Yes , we can", fez-se ouvir longe. Só me lembro de algo assim no Euro 2004 com a Seleção das Quinas. Mas aí jogávamos em casa.

Nisto sim, eles são bons. Promoção do que é deles.

E nós, do que estamos à espera ? Já chega de sermos aquele povo coitadinho do canto da Europa. temos de dar o grito do Ipiranga e aproveitar a crise internacional a nosso favor. Disto falarei noutro post.