quarta-feira, junho 24, 2020

A chata "Curva Chata"



Considero-me uma pessoa positiva, apesar de todas as vicissitudes que a vida já me proporcionou - mas quem não as têm?. Aprendi, ou eduquei-me, ao longo do tempo de vida que já levo - 50 anos - sustentado na experiência e na leitura, que antes de fazermos algum julgamento - ainda que mudo - do que quer que seja, devemos reflectir, procurar outras fontes, ver o acaso de vários ângulos, voltar a reflectir e apenas depois concluir. 

Quando a pandemia foi declarada pela OMS e o Governo de Portugal impôs o confinamento, tal como milhares de portugueses, aceitei - mas não me entreguei ao Tic-Toc - não questionando o nível de conhecimento das instituições. Mantive-me tranquilo e sereno, atento ao evoluir da situação, acompanhando os relatórios e briefings diários da DGS; os números, as teatralidades da senhora Graça Freitas e o texto repetitivo do "Temos de achatar a curva". E como uma mentira dita muitas vezes se torna uma verdade, lá a curva se tornou "chata". Tão chata que faz lembrar aquelas pessoas a quem damos dois dedos de conversa e nunca mais nos largam.

Os valores dos casos foram sendo algo confusos. A determinada ocasião - sem que com isso queira desenvolver uma teoria da conspiração - comecei a duvidar dos números apresentados, pensando mesmo que se podia (pode) estar a ocorrer algum tipo de manipulação para não criar o pânico.

No meu humilde e legitimo ponto de vista - deste miradouro em que me encontro - após alguma reflexão sobre o assunto, dou comigo a olhar para os gráficos e tabelas que a DGS e o ministério da Saúde disponibilizam, tentando percebê-los na sua essência informativa. Ou seja, consigo ler os números e entender que houve mais uns quantos casos infectados, mais uns quantos mortos, menos nos cuidados intensivos, etc... Mas o que gostava de perceber era;

1º Se os que morrem estavam nos cuidados intensivos ou não, quantos lá estavam e onde estavam os remanescentes.

2º Quantos saíram dos cuidados intensivos para os cuidados de assistência Covid-18.

3º Porque se continua a morrer em Portugal com Covid e nos países como Espanha ou Itália já há resultados mais positivos (colocando a forte hipótese destes dois países estarem a esconder valores).

4º Porque razão não se consegue amassar a "chata" da curva.

Quando nos colocam tantas condicionantes para algumas actividades e depois percebemos que, num comportamento monárquico, a DGS na pessoa de Graça Freitas e o Governo na pessoa de António Costa, têm dois pesos e duas medidas. Pesos e medidas essas que em tudo são desequilibrados. Não é admissível por parte de um Governo responsável que se atribua o ónus do contágio a um vírus, dando-lhe a possibilidade de escolher se infecta 2200 pessoas num concerto no Campo Pequeno, ou se infecta 30/40 pessoas num restaurante no Bairro de Alfama onde dois ou três manjericos de papel podem atrair multidões.

A questão é que, com tanta disparidade entre atribuição de permissões, estas organizações nacionais estão a proporcionar com que sejam organizadas festas ilegais sem qualquer tipo de controlo ou mesmo organizadores oficiais. Parece que as decisões da DGS são decisões had-hoc. Deixo mais uma questão; a Champions League da UEFA vai realizar os últimos jogos em Portugal. Fala-se que serão jogos sem espectadores. Certo! Sem espectadores no estádio, pois nas ruas estou mais que certo que estarão milhares de apoiantes das equipas que por cá estarão. Como vai ser isto resolvido? Com agressões de dissipação de multidões? Este será mesmo um grande prémio para os médicos, enfermeiros e restante staff hospitalar, pois certamente terão muito trabalho na assistência aos feridos dos confrontos nas ruas de Lisboa.

Tudo isto é culpa da chata "curva chata".



Imagem: Expresso

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