terça-feira, junho 23, 2020

Aquele Caderno Preto

"Que escreves nesse caderno preto?", perguntaram-me em determinada ocasião, referindo-se a um caderno de capas negras  que me acompanha em permanência e tem a função de me permitir redigir as mais diversas ideias, devaneios, o que quer que seja, passando por pequenas histórias, breves pensamentos, receitas de culinária, artigos de opinião, títulos de livros que tenha intenção de adquirir, entre outras coisas mais.

Para quem gosta de escrever - e cada um escreve aquilo que deseja e cada um lê aquilo que quer - existem dois artefactos que não podem falhar, como se de uma droga se tratasse; um pedaço de papel e uma caneta ou lápis. No meu caso, não pode falhar o caderno de capas pretas. Não ter presente estes dois utensílios cria um vazio difícil de combater, uma vez que as ideias de escrita surgem a qualquer momento, a qualquer momento, acompanhadas pelas palavras correctas para as descrever - pelo menos essa é a ideia do momento, que mais tarde, muitas vezes, percebo que têm de ser substituídas, como aquele treinador que organiza a sua equipa, mas momentos antes do jogo sente que a troca de um outro jogador trará mais robustez ao seu conjunto - e têm de ser implementados na hora, sob pena da traiçoeira memória nos afastar daquela composição literária. 

De tal forma assim é, que muitas são as vezes em que a caminho de casa imobilizo o meu carro e de caderno e caneta em punho rabisco uma ideia, uma observação, uma dissertação, três ou quatro versos que irão compor o conjunto de um poema.

Não sou articulista - já fui, há muitos anos atrás - nem um colunista; nem todos o podemos ser, ou porque não temos os conhecimentos/ contactos certos, ou porque socialmente não somos influentes, ou porque o conteúdo da nossa escrita  não apresenta qualidade ou a qualidade que outros desejem ou avaliem. E como assim é, nos dias de hoje a minha escrita limita-se a este caderno preto e ao Blog que vou mantendo - Devaneios Urbanos... duma Caneta Indiscreta - que, para além de mim, e eventualmente lido por mais duas ou três almas que nele tropeçam.


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