domingo, novembro 14, 2010

Sociedade Indigente

Num destes dias dei comigo envolvido num pensamento pertinente.

Que modelo de sociedade é este onde estamos actualmente envolvidos?

Será uma sociedade tradicional, onde imperam princípios de respeito mútuo ? - Não me parece. Essa é uma sociedade utópica.

Será então uma sociedade de consumo? Uma sociedade despesista que consome alarvemente a sua presa? Nah! Hoje em dia cada vez menos. Neste aspecto somos um produto de laboratório que surgiu do cruzamento da formiga e da barata; trabalhamos de sol a sol, cantamos sem parar e os "Reis" e seus discípulos em seus tronos lascívos engordam.

Mas esta é só uma parte do que é a nossa sociedade. Falta falar das mesquinhices, hipocrisias. Falta falar quão fútil é, inculta e injusta esta sociedade. Falta falar da ignorante cegueira que só lhe deixa ver a escória em detrimento da qualidade.

É a sociedade das revistas cor-de-rosa, da coscuvilhice da vida alheia. É a sociedade do "diz que disse", da prostituição mental e emprenhamento cerebral.

Para quando a queda do chauvinismo barato e do preconceito atroz?

Para quando quando mentes saudáveis, ainda que aparentemente louca, que vejam a razão com o coração?

Para quando a queda do robotismo social e o erguer de pessoas lúcidas e de pensamento próprio? Para quando uma sociedade que não seja neardental, selvagem, obscura, macabra, dissimulada, imbecil, mas sim culta, capaz, inteligente, organizada, solidária, visionária dos valores básicos.. independente?

Vivemos numa sociedade oprimida onde os "Cadeirões" jogam os seus peões a seu belo prazer, sob pena de os reprimirem, abandonarem ou penalizarem.

Vivemos numa sociedade onde a balança pende sempre para o mesmo lado, lado esse que não é o que tem mais elementos...

Somos uma sociedade onde impera o " Não digas isso que alguém pode escutar...", temendo que a Inquisição os venha a casa buscar e empaleados os queime na Praça.

Somos uma sociedade de medo, que nem uma revolução soube fazer. Oprimidos tiveram de esperar que os militares avançassem. Esses que agora bem de riqueza não se fazem escutar.

Não soubemos utilizar a força e a determinação que nos empolgou na Dinastia Filipina.

Hoje somos um povo sem história, sem passado, presente ou futuro. E quando olhamos, vimos uma fila de abutres que aguardam a sua vez, pacientemente, para chegar ao "Cadeirão".

Afinal que sociedade somos nós?

Somos uma sociedade indigente, sem sonhos, amor ou paixão. Somos uma sociedade que se pinta de negro e cinzento, sem alegria, emoção, sonho ou fantasia.

Somos uma sociedade onde, quando nasce uma flor colorida, é abafada, arrancada, extraída da sua luta, pelo medo dos "Cadeirões" que dessa flor surja a vontade de mudar, inovar, rebeliar.

Somos uma sociedade onde os demais tentam derrubar quem quer lutar, trabalhar para melhorar, mover montanhas em busca do poço de água.

Está na hora de dizer BASTA. De acreditar, de querer, de vencer. De olhar para o lado, para o nosso igual com vontade de ajudar, apoiar, construir e não de uma forma invejosa e mesquinha de destruir e mal dizer.

Um Homem apenas deve olhar de cima outro Homem, quando for para lhe dar a mão para o ajudar a se levantar.

2 comentários:

Anónimo disse...

Li o teu texto Jorge. Não tenho opinião formada sobre ele. Porque deixei de acreditar em quem cririque a sociedade... como se de alguma forma, nós não fizessemos parte dessa mesma sociedade. Nós somos a sociedade... E tu meu amigo Jorge... será que estás tão acima desta sociedade tão indigente... será que nunca te acobardaste?? Será que nunca te faltou a coragem??... Será que nunca deixaste algo por fazer, devido a pressões externas??... Será Jorge??....

Jorge Ortolá disse...

Meu amigo anónimo,

Não podemos falar do que não conhecemos, portanto falo do que conheço.

Conheço uma sociedade indigente onde na qual já me fundi, me acobardei e me disfarcei com a sua capa para não ser visto.

Conheço uma sociedade indigente onde já fui muitas vezes marcado, maltratado, apontado, separado dos iguais.

Conheço uma sociedade indigente onde luto a cada dia para que a flor possa crescer, vingar e expandir a sua cor.

Amigo anónimo, que gostaria de saber quem é, critico esta sociedade e quem a compõe, uma vez que vejo um aglomerado de mentes inertes sem vontade própria, sem rumo, sem passado, presente ou futuro.

Critico na esperança de poder olhar para cima e ver flores mais altas que, tal como eu, lutaram e acreditaram ser possível trabalhar e vencer.

Se estou acima desta sociedade? - Não! Sinto-me à parte dela e a ela não pertenço.