Agora que já estamos em 2016, já foram postados, enviadas mensagens, telefonemas, cartas...essas não, já acabaram faz tempo, sms e afins para que o novo ano seja pleno de sucesso, paz, amizade, negócios e o diabo a sete, ainda que por vezes não se goste de quem quer que seja, mas mesmo assim se lhe dirija, no calor da noite de fim-de-ano um "Feliz 2016", para depois ao virar da esquina no pensamento, murmurio ou comentário se diga algo bastante diferente como "Quero que te fodas, mas é", bem vindo ao mundo real, onde temos mais um banco para pagar com os nossos impostos, mais contas para fazer, mais más caras para encarar, aquelas que passam o ano, também este de 2016 de trombas, daquelas de elefante, do tipo de que todos me devem e ninguém me paga, ou simplesmente que têm um mau acordar, daqueles diários e que ainda pensam que nós, comuns mortais, temos de as aturar, assim como as azias de uma vida mal humorada.
Para todos vós, que foram festejar mais uma noite, uma igual a tantas outras que ao longo do ano existem, apenas com a diferença de não alterarem os últimos quatro dígitos da data, mas que em tudo são iguais; copos, bebedeira, arrotos, risadas, amarguras, mal dizer, asneiras e chegadas a casa de costas, para que a vossa mulher ou mãe, ao vos apanhar a chegarem de manhã, não vos deem seca, ralhem, coloquem a pão e água durante um mês sem mesada ou uma noite de sexo bem passado, possam dizer "O quê? A chegar agora? Nem pensar, estou a sair para ir comprar pão quente, para quando acordasses tivesses algo fresco para comer. És uma mal agradecida, é o que és." e saem e vão comprar pão quente. Para todos vocês, um bom 2016, cheio de saúde, alegria, votos de sucesso nos vossos projectos e... olhem, que se foda quem anda de mau feitio e a pensar que temos de aturar uma queca mal dada ou um acordar aziado.
Mais doze meses se alinham diante nós, doze, exactamente o mesmo número que o relógio marca, em meia volta dos ponteiros. Doze, exactamente os mesmos doze que se reuniram, na última ceia ao redor de um homem a quem deram o nome de Jesus Cristo, um homem como tantos outros, mas que, tal como tantos outros, se viu traído por um que pensava ser seu grande amigo. E é nesses doze meses, doze, que muitos são aqueles que nos tentam trair. Mas nós não nos chamamos Jesus cristo, não oferecemos a última ceia e não somos parvos. Quer dizer, por vezes até somos, por que se assim não fosse, não permitiríamos que ao longo de mais de 40 anos continuassem a ser os mesmo filhas-da-puta a governarem um país que nada faz para melhorar, que parece ainda viver no tempo da inquisição em que não digas que podem ouvir, não fales que podes ficar falado, não faças que passas a ser apontado à passagem. E assim vamos vendo passar os doze meses, um atrás do outro, lamentando cada dia, cada passo, com um se fosse mais novo punha-me era nas putas e bazava desta merda de país, mas continuamos amarrados a um galho, com uma corda imaginária, com medo de dar um passo, aquele passo, o tal passo, o verdadeiro passo, o passo que faria a diferença, mas que não vai fazer, por que temos medo de o dar, por que fomos formados num medo escondido, por que não percebemos que há mais para além daquilo que nos ensinaram na escola, se é que na escola nos ensinam alguma coisa ou apenas nos formatam à imagem de uma ditadura quadrada, fechada e sem horizontes para além daqueles que a inquisidora ditadura democrática nos impinge há mais de 40 anos.
Daqui a doze meses estaremos a desejar um feliz 2017 e a brindar e a comer e essas merdas todas. A ver o Estado Social a morrer, abandonado, perdido nas ruas e o Estado dos opulentes ostentadores de não sei bem o quê, a largarem milhares de euros em fogo de artificio, que o povo tanto gosta e aplaude, a fazerem esse mesmo povo pagar os devaneios de uma banca falida, podre, cheia de corrupção. Povo que aplaude enquanto se queixa, chora enquanto opulente uma riqueza que não tem, vive, numa morte anunciada.
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