quinta-feira, dezembro 08, 2016

# Os feijões mágicos


A Europa, este velho continente, encontra-se numa fase, perigosa, de transformação; perigosa porque está a sair fora do controlo de um grupo de pessoas que se encontram mais preocupadas em garantir o enriquecimento dos países do eixo do norte, às custas e em detrimento de uma igualdade de países do sul da mesma Europa.


O principio da união europeia, ao ser fundada a instituição, era a da união dos povos num território único, com direitos e deveres similares. Acontece que, tal intento nunca foi uma real base de construção da junção dos povos. Logo, desde o inicio das negociações, ficou bem definido que, nessa futura União europeia, iriam haver Estados (países) ricos, de primeira qualidade, e Estados pobres, de segunda qualidade, ou seja, iriam haver países dominadores e países submissos; a tão aclamada União entre povos europeus, caía por terra.

Mas como todos somos vaidosos, invejosos e arrogantes, necessitados da ostentação do luxo, vendemo-nos em troca de algumas centenas de euros, que se transformariam em milhares, na hora da devolução, e assinamos compromissos de malandragem, que fez com que abandonássemos o mar e os campos de cultivo, nos viciássemos em subsídios da desgraça e dessemos início à não produção e ao consumismo descontrolado.

Com o alto patrocínio dos mais diversos governos - que queriam mostrar aos parceiros europeus que também eram ricos, fazendo lembrar o cidadão que, não podendo, se afoga em créditos bancários para comprara uma vivenda, um Mercedes e um jipe, para mostrar ao vizinho que está bem de vida, mais, melhor do que esse vizinho - a Banca vendeu, sem critério nem controlo, créditos, levando à falência de muitas famílias, sem possibilidades de resposta, perdendo tudo e até, por vezes, a dignidade, quando "eles", Banca, puderam comer os "feijões mágicos", receberam perdões de divida e apoios de recapitalização.

A Europa está a mudar. está a mudar e não, certamente, para melhor. está a mudar porque uns estão fartos de pagar uma conta que teima em não diminuir; outros porque estão fartos de emprestar.

A União Europeia é uma farsa. É uma irmandade que visa o enriquecimento de alguns, à custa de tantos outros. Cada vez mais desmembrada, esta Europa encontra-se presa por um tratado frágil e vulnerável ao ponto de um referendo o conseguir colocar em dúvida.

Esta Europa nunca teve união, nunca foi unida e jamais caminhará num principio de igualdade; os países do norte foram formatados a pensarem que os países do sul, principalmente os mediterrânicos, são uns desgraçados de uns latinos - alguns - perigosos, umas verdadeiras cigarras, quando na verdade são povos de labuta, de princípios e de carácter.

Sim(!), mal liderados pela classe politica a quem foi atribuída uma imunidade que lhes salvaguarda da responsabilidade quando - quase sempre - fazem asneira.

E senso dessa asneirada toda que os últimos quarenta anos têm demonstrado, através de governamentações desastrosas, que tem surgido a impaciência e insatisfação das gentes, alimentada também por campanhas populistas de sectores mais extremistas, e que vão levando a que grupos radicais e perigosos se chegarem à frente, ganhem notoriedade e uma força politica que poderá levar a que a "triste" história se repita.


Está na altura de comermos os feijões mágicos, evocarmos o Dragão, com as bolas de cristal, e nos três pedidos, solicitar uma volta ao início sem aqueles que nos fizeram cair em tantas, tanta desgraça ao longo dos anos.

Será que ainda vamos a tempo?

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