quinta-feira, março 30, 2017

# Em ano de eleições, afinal, quem é Rei?


Em ano de eleições autárquicas, existem sempre quatro possíveis realidades ou personagens políticos. Sim, quatro! Mas desses quatro, apenas um é vantajoso para os munícipes. Vamos ver:

1ª Personagem - O presidente candidato a novo mandato e que não tem a certeza de ir vencer - Este, sem dúvida, é o melhor personagem da história, no imediato. promete mundos e fundos na anterior campanha, no entanto, nos três primeiros anos de governação não fez obras emblemáticas que se vissem, a não ser inaugurar algumas rotundas do concelho, participar nas festas e escolher um ou dois eventos para, diante de algumas - poucas - pessoas, orar um discurso estudado, redigido por algum assessor.


Uma vez que nos primeiros três anos de mandato não fez nada que enchesse os olhos aos munícipes - o que não quer dizer que não tenha trabalhado. Até porque há muita obra que não é de impacto mediático - aproveita o último ano para mediatizar a sua gestão; mandar alcatroar algumas ruas - essencialmente - construir um ou outro passeio e embelezar alguns canteiros e jardins. E assim, tentar conquistar os votos dos munícipes, com um discurso cor-de-rosa, aflorado com promessas populistas, sempre em busca de mais quatro anos de mandato.

2º Personagem - O presidente que já pode concorrer a mais nenhum mandato - Este. sem dúvida, já não serve grande coisa aos munícipes. Fez os seus mandatos, realizou a obra que realizou nos dois primeiros e, ao longo do terceiro mandato, procurou não gastar muita verba, para não condicionar o quarto ano orçamental e, aí, nesse quarto ano, investir uma boa dose de divisas nas diversas festas populares que vão ocorrendo pelas freguesias do concelho. Não esta preocupado com a candidatura do seu pretendente sucessor - apesar de o acompanhar numa ou outra aparição publica de campanha, debitar alguns impropérios contra o candidato mais forte da oposição e gritar o nome do candidato do seu partido, finalizando o espectáculo circense com um abraço entre ambos - mas sim com a ideia que deixa sobre si mesmo, aos munícipes. E o que melhor que festa de arraial para encher a barriga e os olhos aos votantes.

3ª Personagem - O presidente que é candidato a novo mandato, mas que sabe à partida que a vitória está garantida - Este será, certamente, o pior dos personagens. Uma vez que sabe que a partida a vitória está garantida - devido ao fraco peso dos demais candidatos - este personagem não tem grandes aparições de campanha. Faz uma ou duas arruadas, distribui alguns cumprimentos e enche os olhos das criancinhas com balões e algumas guloseimas. Ostenta uma postura, por vezes, arrogante, e não faz  obra de última hora. Vai a votos, vence com grande margem e apresenta um discurso de vitória onde se pode ler, na sua expressão corporal - A vitória estava garantida, mas agora vou-me embora que não tenho paciência para vos aturar.

4ª Personagem - O candidato a presidente que não é presidente - Este personagem é o mais esforçado. Não tem obra para mostrar - pelo menos obra autárquica, a não ser que tenha sido presidente de Junta de Freguesia - e tenta valer-se de eventual curriculum pessoal. Este candidato faz pré-campanha da pré-campanha, faz a pré-campanha e a campanha. Entre as promessas que vai fazendo para quando for Presidente, introduz alfinetadas aos outros candidatos, principalmente ao que tenta renovar o mandato. Se o actual Presidente não estiver em situação de candidatura, ataca o candidato do partido politico apoiante.

Este personagem aparece muito e em qualquer circunstancia ou evento que lhe possa dar visibilidade mediática. É bastante activo nas redes sociais e faz-se rodear de pessoas com algum impacto social. Esforça-se por mostrar que é o El-Dourado daquele concelho e não se poupa a esforços para chegar a qualquer problema dos munícipes do concelho, sempre com um semblante de elevada preocupação, consternação e indignação, capaz, contudo, de retirar um coelho da cartola, um coelho mágico que resolverá o problema, mas só quando for Presidente.

E assim vai acontecendo, já faz mais de quarenta anos. É caso para questionar: Em ano de eleições, afinal, quem é Rei?

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