A Liga dos trapalhões

Confesso, como se necessário fosse fazê-lo, que aprecio a forma de estar do Presidente da Republica  Marcelo Rebelo de Sousa. Também gosto de futebol - apesar de já ter acompanhado mais fervorosamente a actividade em si - mas não compreendo esse estado efusivo no anúncio da vinda da Champion League para Portugal - porque não vai produzir impacto económico. Mais; não compreendo como é que um homem inteligente e intelectual como o Professor Marcelo tem a coragem de dizer que a vinda da final da Champion para portugal é um prémio para os profissionais da saúde que estiveram, estão e continuaram a estar na frente de batalha do bloqueio à propagação do vírus, porque de prémio nada tem, antes pelo contrário; antevê-se muito mais trabalho, muito mais desgaste físico e psicológico destes profissionais, porque atrás das equipas de futebol virão os adeptos que encherão as ruas lisboetas e as confusões na rua.

Parece-me, mas só me parece, que portugal não deveria desejar e receber esta fase da Champions League. Outras sim, esta não! E esta não, por tudo o que a envolve; Primeiro vem para cá porque mais ninguém a quer, segundo porque vai realizar-se  numa zona do país onde a percentagem de contágio ronda os 75% dos casos diários registados em Portugal e terceiro porque os problemas advindos da aglomeração de adeptos não vai ser beneficio para o país, nem internamente - com a possibilidade exponencial de contágios e aumento de infecções - nem internacionalmente, pois a aglomeração de adeptos, com a previsível desobediência de distanciamento e não consumo de álcool na via pública, poderá levar a cargas policiais e ao caos nas ruas da capital. Lá virão depois as acusações de xenofobia e racismo aos que menos culpa hão-de ter em todo este processo, os policias. 

Compreendo que a economia obriga a que se opte por decisões, por vezes com as quais nem sempre concordamos. Mas será que esse é o caso da Champions League?  

Imagem. AM1