terça-feira, julho 14, 2020

A igualdade ou a falta dela entre alunos



Num país democrático como o nosso, que trata todos os cidadãos por igual - ou talvez não - ou que deveria tratar, é nos momentos chave que se percebe que as desigualdades promovidas pelo Estado, são berrantes.

Estamos em época de exames, aquela coisa que em duas horas e meia e um corrector vão avaliar o trabalho desenvolvido por um aluno e, quiçá, três professores - se nenhum ficou de baixa ao longo do caminho - durante os três anos de ensino.

O exames nacionais não servem para nada; os exames específicos ainda estava capaz de os aceitar, partindo do principio que os 11º e 12º anos seriam organizados noutros moldes, preparando os alunos para uma matéria específica.

se até aqui o processo está errado - é a minha reflexão e a ela tenho direito - esse erro continua quando é exigido aos alunos - grande parte - que desenvolvam provas a disciplinas que no ensino superior não vão ter.

Navegar sem norte


Se em estado de pandemia tanta normalidade foi alterada, tendo até sido suspensa em determinadas áreas, a quem é que realmente interessa a realização dos exames nacionais?

Já percebemos que a DGS e o Ministério da Saúde andam a navegar "à vista" com o auxilio da bússola de Jack Sparrow; hoje navegam para um lado, amanhã para outro. Hoje proíbem aqui, amanhã autorizam ali, dependendo dos interesses ou amizades.

São verdadeiros náufragos  perdidos num turbulento oceano, anseiam a "mão" que os vá ajudando e de griffe vão dizendo, Não estamos a naufragar, temos o leme controlado.

A DGS, em especial, é o desnorte total. Não permitindo ajuntamentos com mais de 20 pessoas, vai permitir que centenas acedam a um espaço comum, apenas porque o Ministério da Educação faz birra para que os exames nacionais aconteçam.

As desigualdades

O Ministério da Educação. O Ministério da Educação deveria avaliar bem os prós e os contras da decisão de realizar as provas dos exames nacionais. Estou certo que o ministro dirá que avaliou, mas na verdade que se constatará será diferente da verdade dele.

Existem, na minha "arrogante" forma de observar toda a situação, dois pontos importantes a ter em consideração; o contágio e a equitatividade de oportunidade entre alunos. Garantir segurança sanitária aos alunos e garantir que todos tivessem o mesmo nível de acesso ao ensino; o que não acontece.

Vamos por partes:

1º - Quando os ministérios da educação e da saúde - informam que está garantida a segurança sanitária dos alunos - na reabertura para os anos 11º e 12º anos - porque permitiram que os alunos pudessem não ter presença no espaço físico da escola, ficando isentos de falta. Permitir esta ausência pode estar associada a uma incerteza nessa protecção.

2º - Foi realizada uma recolha de informação junto dos encarregados de educação e pais, no sentido de saberem que alunos pertenciam a grupos de risco ou habitavam com algum familiar integrado nesse grupo? A resposta é simples; Não!

3º - Estará crente o Ministro da Educação que ter aulas de preparação para os exames em sistema on-line tem a mesma qualidade das presenciais? Não tem, senhor ministro! E como não tem, o senhor beneficiou uns alunos em detrimento de outros.

4º - E os alunos que vivem afastados dos centros escolares e que dependem dos transportes públicos - muitos deles suprimidos neste tempo de pandemia - o Ministério da Educação garantiu transporte higienizado para estes alunos? Parece-me que não!

Uma vez que os direitos e garantias dos alunos não foram equitativos - como manda a Constituição da Republica -  a realização destes exames escolares num ano atípico não fazem qualquer sentido. Estou curioso para escutar as justificações, se ocorrer um surto de contágio numa escola ou se os resultados das provas forem díspares. 


Imagem: pixabay




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