Já escrevi - como dizem os intelectuais que comentam tudo e mais alguma coisa num qualquer canal de televisão - sobre o tema em questão; A renovação da Carta de Condução e o que penso que poderia ser alterado com vista a melhorar a prestação de cada um de nós e diminuir, desta feita, a sinistralidade rodoviária que tanto nos envergonha e que mais nos deve preocupar.
Existe um comportamento abstracto, o qual identificamos como "educação rodoviária". É um comportamento abstracto e não concreto, uma vez que não existe um plano interventivo capaz de implementar essa formação e educação no contexto social. Ou seja, fala-se em educação rodoviária, mas não existe um plano ou estratégia formativa implementada na sociedade, apesar de se alegar que existe um Plano Nacional de Prevenção Rodoviária.
Defendo há anos - muitos - que é urgente implementar no programa de ensino uma disciplina de educação rodoviária, capaz de formar pessoas no sentido de se tornarem mais cívicas no meio rodoviário, não apenas como condutores, mas também como passageiros e peões. Deseja-se que os cidadão sejam parte da solução e não parte do problema nesta equação.
Esse projecto formativo leva um atraso de mais de meio século e, pelo menos, nesse meio século não tivemos e ainda não temos um responsável no meio politico alguém suficientemente inteligente e com visão para perceber que são necessárias mudanças de fundo, e que a "coisa"
não se resolve apenas com penalizações pecuniárias - que tanto jeito dão ao Estado - ou com penalizações suspensivas de título de conduzir. A discussão tem de ser mais profunda e alargada.
Os valores
Anualmente as seguradoras gastam centenas de milhares de euros com a sinistralidade rodoviária, seja com tratamentos, reparações de viaturas ou outros bens, indemnizações, entre outros. Anualmente perdem-se milhares de vidas e as empresas importantes recursos humanos em acidentes rodoviários. Não esquecer que a ida de casa - emprego e emprego - casa, pelo trajecto habitual, também está abrangido pelo seguro de trabalho.
Todas estas perdas e todas estes gastos, e mais alguns, vão ter enormes impactos negativos no orçamento anual do Estado.
Acções de Formação
A "educação rodoviária" de que se fala, não existe. Não se pode titular de "Educação Rodoviária" acções realizadas avulso por instituições independentes ou gente altruísta, pois essas acções são momentos de sensibilização rodoviária, mas que não promovem continuidade nem rotina. E quando assim é, não provocam educação.
A educação rodoviária passa pela criação de rotinas no respeito e cumprimento de regras sociais e de código da estrada, rotinas de acção e posturas positivas.
Sendo pouco provável que essa formação contínua com inicio na pré-primária surja, torna-se urgente alterar, não apenas para encher o olho, mas com o objectivo de obter resultados, a lei que regulamenta a renovação das cartas de condução.
Se queremos que a taxa de sinistralidade diminua efectivamente, assim como os custos inerentes à mesma, e em paralelo a educação e respeito às normas do código da estrada, era essencial que o título de condução fosse renovado a cada 5 anos, no entanto mediante formação presencial teórica e prática de um número de horas a definir e sempre em valor crescente a cada renovação.
Quando nos apresentam valores da diminuição da taxa de sinistralidade em período de confinamento, o que me parece é que nos estão a atirar areia para os olhos.
Sejamos verdadeiros, pragmáticos e desenvolvamos uma estratégia de formação que proporcione benefícios reais ao país e aos cidadãos.
Imagens: pixabay
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