terça-feira, novembro 01, 2011

Função da Condução, a idade e a experiencia do condutor

A parte visual da Função da Condução, tecnicamente conhecida como acção motora, que desenvolvemos ao volante de um veículo,  não é mais do que a montra ou a finalização de um complexo conjunto de sistemas nervosos que vão actuando entre si, desde a exploração perceptiva, onde  podemos evidenciar a mais importante, a visão, até à referida intervenção de movimentos cinestésicos.

Muitas são as vezes em que se debate a temática sinistralidade rodoviária, suas causas e soluções para as minimizar.

Se é verdade que a velocidade, as manobras mal executadas ou o consumo de bebidas alcoólicas  podem estar na base das causas, torna-se cada vez mais imperioso analisar os pilares do problema, ou seja, fazer um aprofundado e minucioso estudo à Função da Condução de cada condutor, no sentido de ajudar cada individuo a evocar o seu conhecimento mediante a apresentação de diversos índices pertinentes e críticos, trabalhar as suas apresentações, perceber as suas atitudes e ponderar a alteração de algum comportamento.
Tal deve acontecer, uma vez que elevada percentagem da sinistralidade rodoviária acontece por pouca experiência do condutor, o que o leva a não ter ainda bem desenvolvido o seu processo decisional, ou seja, a exploração perceptiva visual é muito limitada, estática e pouco selectiva. A recolha dos índices é em grande número e de difícil ou demorada identificação. Tal deve-se ao facto de não existirem em memória de longo prazo índices para comparação ou estes serem limitados na qualidade.

Assim, a pouca experiência faz com que haja um limitado tratamento da informação recolhida, nomeadamente na pouca capacidade de antecipação e previsão mediante um determinado teatro de trânsito, sempre  condicionado igualmente com o pouco conhecimento das possíveis consequências  de uma determinada decisão.  Tal  atrasa o processo e leva, em muitos casos, a uma errada acção.

Poderia pensar-se que o problema se resolveria com as aptidões adquiridas ao longo dos anos de experiência. Avaliando a situação a frio, seria uma realidade, no entanto a experiência e o passar dos anos, faz com que o condutor vá criando representações não consonantes com a realidade rodoviária e legal, condicionando a sua atitude e grande parte das vezes o seu comportamento.

Se é verdade que com a experiência o condutor consegue melhorar a sua exploração perceptiva visual, dando mais atenção a índices pertinentes e críticos, não será menos verdade que, com base nas representações criadas, muitos dos índices pertinentes passam a simples índices formais, sendo muitas vezes ignorados.

Se é verdade que com a experiência os condutores conseguem antecipar-se, olhando cada vez mais longe, orientando de forma selectiva esse olhar, prevendo possíveis acontecimentos e decidindo rapidamente como actuar, não será menos verdade que com o avançar da idade e as limitações que a mesma vai criando, esta antecipação torna-se mais difícil, pois a acuidade visual e a visão estereoscópica são afectadas, condicionando muitas vezes a decisão.

Também a idade está directamente ligada à taxa de sinistralidade, uma vez que os condutores mais jovens, até sensivelmente aos 24 anos de idade, apresentam comportamentos de risco elevados, provenientes do pouco conhecimento e de uma confiança falsa e perigosa, mais notória no segundo ano de carta de condução.

Já os condutores mais velhos, após sensivelmente os 45 anos de idade, começam a notar algum condicionamento na sua acuidade visual, visão estereoscópica e mais tarde na sua capacidade motora.
Os dois primeiros factores têm como consequência uma maior dificuldade de recolha de índices, sua identificação, assim como perceber o triângulo espaço/velocidade/ distância. As consequências são, por vezes, más decisões e comportamentos de risco. 

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