segunda-feira, julho 02, 2012

Cesto de papeis

De lápis na mão tento redigir numa folha de papel o que me vai na alma, na cabeça, no sentimento, na sabedoria ou o que quer que seja.

Começo a escrever umas palavras meio desconchavadas, mas rapidamente as começo a riscar. Não sei se é porque não estou a gostar do que estou a escrever, se é simplesmente porque não possuo vocabulário rico para expressar o que nas veias me ferve e queima.


Embrulho a folha e direciono-a no sentido do cesto de papeis que alegremente se mantém de boca aberta na ânsia de mais uma folha de papel, qual cachorro que aguarda que o dono lhe arremesse a bola para ele a ir buscar.Até parece que consigo ver a cauda do meu caixote de papéis a abanar.

Do monte de folhas voa uma mais e outra e ainda mais outra. Olho para o amontoado e penso nas florestas que vão sendo destruídas para que resmas de folhas de papel possam estar à disposição de um qualquer lápis ou caneta de um qualquer individuo que se possa achar escritor ou com a vontade de, num conjunto de letras cientificamente emparelhadas, derramar no papel o grito guerreiro de revolta,  o suspiro de paixão ou a frustração matemática.

De lápis na mão tento redigir algo que possa mudar o Mundo, as atitudes e os comportamentos, mas rapidamente percebo que tais atitudes e comportamentos não são alteradas por palavras de outros, mas sim por vontade própria.

Meu querido cesto de papeis, vais começar a passar fome. Mesmo utilizando para redigir estes devaneios papel já usado, não posso de modo algum condicionar a estabilidade das florestas e do ambiente.

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