Jeronimo, vamos chamar-lhe assim, era um homem robusto, alto, bom falante e nunca perdia uma oportunidade de dar "três dedos de conversa" aos amigos que com ele se cruzavam na rua, enquanto se encaminhava para o escritório.
Jeronimo habitualmente ia a pé para o escritório, ainda que a empresa para quem trabalhava lhe tivesse disponibilizado uma viatura com motorista. Costumava comentar que, enquanto caminhava, encontrava algumas respostas para os problemas laborais do dia-a-dia.
Ao que se sabe, Jeronimo não era muito exigente para com os seus colaboradores. Apenas gostava que estes cumprissem as regras do "bom colaborador", vestissem a camisola da instituição e trabalhassem com afinco e produtividade.
A manhã de Jeronimo, segundo se fala, sempre foi um relógio Suíço; levantar, tomar banho, desfazer a barba. Vestir fato e gravata e sair para a rua pelas 8 horas. Parava na pastelaria da Srª Francisca e aí tomava o seu pequeno-almoço; um galão e uma torrada, seguido de um café. Saía, deixando sempre uma gorjeta ao funcionário de serviço.
Dirigia-se ao escritório onde começava a trabalhar pelas 8:30 horas.
Durante mais de duas décadas esta foi a rotina matinal deste homem de, atualmente, cerca de 50 anos de idade.
Jeronimo sempre teve uma vida estável, econômica e emocionalmente. A mãe foi professora primária e o pai médico. Fala-se que herdou uma fortuna em imobiliário e joias, quando os pais morreram num acidente de viação. Jeronimo era filho único deste jovem casal da alta sociedade dos anos 60.
Jeronimo, ao que se saiba, nunca teve filhos. Nunca casou, apesar de se ter apresentado umas quantas vezes, em eventos sociais, acompanhado de belíssimas mulheres.
Um dia o Sr. Jeronimo não apareceu para tomar o pequeno-almoço. Outro dia e mais outro ainda, seguido de mais um. Uma semana e mais outra e o "Sr. Doutor", como o sempre trataram na pastelaria, apesar de ele insistir que para os amigos era apenas "Jeronimo", não apareceu na pastelaria.
(...continua...)
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