João, vamos chamar-lhe assim, foi diretor de serviço num Instituto Público.
Ao longo de alguns anos de serviço nesse cargo, João teve de lidar com muita gente, entre colaboradores e externos que diretamente lidavam com ele ou com os seus colaboradores.
Não sendo uma pessoa humilde, João exigia dos seus colaboradores uma atitude que muitas vezes visava o prejuízo de terceiros. Era uma pessoa arrogante, prepotente e pode afirmar-se...corrupta. Sabe-se que aceitava "luvas" com vista a não complicar o decorrer das ações.
Ocupando um cargo de liderança, tal impunha-lhe uma postura e comportamentos assertivos. Apesar dessa imposição pela posição da função, João insistia em manter aquele comportamento ditatorial, cara fechada e uma enorme falta de educação para com os demais.
Se os seus colaboradores não acatassem as suas diretrizes sórdidas de prejuízo a terceiros, logo encontrava uma forma de os penalizar.
Em surdina os seus colaboradores contestavam-nos, num sussurro de raiva e receio.
O dia chegou em que João foi, pelo sistema, colocado na reforma. Ele, organizou um jantar de despedida. Da sua despedida. Compareceram...apenas ele. Ninguém mais compareceu, mostrando desta forma o repúdio que por ele tinham e pela sua forma de ser.
Hoje João é um homem só que vive da sua reforma. Todos quantos ele destratou o ignoram.
João um destes dias cruzou-se comigo na rua. Apresentava um aspeto desleixado e de mendigo. Um olhar descompensado e um caminhar cambaleante.
João está só, porque só se pôs quando poderia ter muita gente.
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