terça-feira, julho 31, 2012

Druída



Tudo tem o seu tempo e momento para acontecer. E o tempo ali era o 33º minuto após as doze baladas que  marcavam a transição do calendário ocidental do dia 29 para o dia 30 de Junho 2012, que soou na penumbra da noite a rouca voz, gasta pelo orvalho da madrugada e consumida pelo Whisky, do Druída.

Um êxtase quase orgásmico fez-se sentir um fantástico odor musical que se libertava do jogo de luzes instalado.


Atrevo-me a dizer que este Druída se encontra no pódio dos melhores compositores e músicos portugueses. Para mim ocupa o lugar cimeiro do palanque tripartido onde só as "Supernova" chegam e libertam a sua poderosa luz de energia e mágica com que os instrumentos comunicam com as almas deleitadas no pecado do prazer auditivo de um animal no cio.

Cantanhede sentiu a força de um orgasmo espiritual transbordante de sensações, emoções e recordações de uma multidão que iluminou os céus num frenético devaneio psíquico.

Foi no 33º minuto que o Palma subiu ao altar de uma religião sem dono, sem mestre, ainda que a sua mestria  nas palavras e no chorar do piano tenham um carisma tão próprio.

Não bastou ao Druída fazer-se acompanhar pela sua poção mágica, "Os demitidos", para embriagar uma plateia ávida e sedenta do ribombar da bateria, do choro do piano, e como chora de prazer e paixão, e do grito melódico das guitarras. Não! O Druída acrescentou ao caldeirão alguns amigos "magos" que com ele partilharam a savana da loucura e alimentaram os loucos seres de paixão, guerreiras almas.

Cristina Branco, Tim e Tiago Bettencourd foram atomizadores supremos.



Ao longo de quase duas horas de uma fantasia de som e luz, sussurrada por uma pequena pausa, foram os peregrinos da razão presenteados com um alinhamento que atravessou o tempo, petrificando-o num hipnotizado momento.

Por mim, estaria a ouvi-lo até que a aurora num solar despertar fizesse com que a lua, teimosa lua, deixasse de o olhar num ofegante bailar e ternamente com um sorriso sedutor no rosto se fosse deitar.

No dissipar da penumbra ficou a certeza que cada espetáculo é um espetáculo distinto do seu igual, mas que Palma é Palma; único, leal a si próprio, inigualável, inimitável, inesgotável, Druída na sua musicalidade e arte.

Obrigado pela poção mágica que dás aos meus ouvidos. És um músico do caraças.


1 comentário:

Anónimo disse...

Simplesmente genial a descrição.
Parabéns pela escrita.

Cristina Maia