sexta-feira, setembro 23, 2016
Quando o dia anterior chegar...
Hoje dei comigo a pensar de como será o último dia de trabalho. Aquele que antecede a passagem à categoria de reformado. Posso estar muito enganado, mas olho para esse momento e vejo-o como um longo espasmo de dor e angustia.
Um momento onde a pressão de amanhã sem aquela rotina habitual se fazer sentir, faz com que se criem elevados níveis de uma estúpida ansiedade que nos vai dilacerando e nos pode levar à loucura, com um bombardear constante de : Amanhã vou.... onde vou ? Que vou fazer ?
Pode parecer estúpido dizê-lo a uma distância de quase 30 anos, mas eu não me quero reformar. Quero sim, a partir de uma determinada idade, diminuir a carga horária laboral de forma progressiva. Mas reformar ? Do género, amanhã ... é um vazio, uma incerteza! - Não, obrigado!
Quando o pessoal vai de férias é deferente, pois sabe que vai regressar. Na reforma, fica a incerteza de ocupar o tempo...
Há pessoas que anseiam o dia de se reformarem. Dizem-se estar fartos de trabalhar. Se realmente estão fartos, então eu vejo-os como pessoas que levaram uma vida profissional de frustração. Passaram anos de vida a desejarem o fim do mês, não se realizando, não de realização.
Muitos são aqueles que olham para os reformados como mais uns empecilhos para a sociedade de consumo, onde vão acontecer gastos estúpidos com medicamentos, etc e tal...
Eu vejo-os como pessoas que atingiram uma meta e que, podendo serem úteis no desenvolvimento social de causas e acções de âmbito privado ou público, devem ser aproveitados no seu saber, experiência e vontade.
Muitos são os reformados que se deixam cair na triste espera do dia final, somente executando o passeio matinal que vai escasseando ao longo do tempo. Encafuados em casa, esperam que a morte lhes bata a porta. Aguardam-na conformados.
Eu não me quero reformar. Quero-me readaptar ao longo dos anos, para quando chegar o dia da angustia poder dizer:
"Não me vou reformar. Vou diminuir a carga horária laboral e flexibiliza-la".
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