domingo, março 12, 2017

# Uma amizade verdadeira é para a vida



tive o prazer de, um dia, poder privar com uma pessoa que já não se encontra entre os vivos, fisicamente, mas que estará sempre entre esses vivos - pelos ainda que muitos pareçam mais mortos-vivos - emocionalmente e nas nossas lembranças.

Essa pessoa - pouco interessa identificar o nome - servia numa corporação de bombeiros, com toda a sua alma e espírito. Era frontal e isso fazia com que muitos não a olhassem com a mesma admiração que outros o faziam.


Tive o privilégio de com  essa pessoa, grande ser humano, poder trocar algumas considerações sobre o mundo dos bombeiros e com ela aprender que nem tudo é o que é ou o que parece ser.  Não era uma pessoa letrada, mas era uma pessoa sábia e com muito para ensinar a quem quisesse aprender.

Penso, diversas vezes, que não temos de ser letrados para poder ensinar alguma coisa a alguém. teremos, sim, de saber do que estamos a falar. O meu av^paterno, por exemplo, era um excelente carpinteiro...mas não era letrado. Mas tinha a experiência de saber fazer.

Lembro-me muitas vezes da pessoa que desenvolvia actividade na corporação de bombeiros, pela forma clara, límpida e cristalina com que olhava os seus demais, os colocava nos píncaros da lua e como os criticava quando tinham maus comportamentos.

E esta forma de ser e estar é que falta a muita gente. Saber criticar, sem destruir e saber aceitar a critica, crescendo com ela. De que nos vale a pena argumentarmos quando sabemos que estamos errados, ao invés de tentarmos reflectir sobre o assunto e tentarmos alterar a nossa posição, para melhor?

Ontem postei uma reflexão que trouxe alguma critica por parte de quem se viu alcançado. Jamais em tempo algum coloco em causa a prestação de quem dá a vida, a própria vida, para salvar terceiros. Jamais coloco em causa os princípios de quem sai de casa a meio da noite, sem saber bem para onde vai ou se regressa. Jamais irei denegrir a imagem de quem, voluntariamente, coloca os pés à estrada, muitas e tantas vezes sem condições materiais ou formativas para o fazer. Não sendo o primeiro - não sou presunçoso a esse ponto - serei dos muitos que irei a terreiro defender os bombeiros portugueses. O que coloco em causa são comportamentos inadequados, impróprios, perigosos que, não apenas poem em risco a sua própria vida ou integridade física, mas também a dos demais.

E quem me acusar de "burrice", não conhece a realidade dos factos ou não conhece casos reais de condicionantes a quem saiu para a estrada para salvar, mas não foi salvo.

Aos meus amigos bombeiros - porque tive o prazer de estar com tantos ao longo de diversos anos - desejo o melhor do mundo. Afinal, se não for com eles que conto, com quem será? Aos senhores(as) das viaturas amarelas que se sentem atingidos pelas minhas reflexões, tentem ser bombeiros; tentem fazer voluntariado sem nada receberem ou pouco auferirem que não seja mais do que quase nada. Tentem fazer mais do que as - oito horas? - de serviço, sem greves ou queixas de salários baixos ou horas extra mal pagas.

Sabem; como dizia a pessoa que conheci - Os gajos que venham pegar na mangueira que isso passa-lhes.

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