A
azinhaguense sentia a repulsa de quem está na linha, com as costas no frio
muro, prestes a ser fuzilado pelo esquadrão da morte das SS de Hitler, a não
ser que ceda à chantagem do seu carrasco. Apetecia-lhe fugir, mas não tinha
como nem para onde. Havia uma decisão a tomar.
Olhou o pai de frente, como o
forcado que olha o touro que está prestes a investir. Os olhos não libertavam
apenas lágrimas. Libertavam dor, raiva, ódio daquele homem que estava em frente
a si. Inspirou fundo com uma tranquilidade dissimulada, avançou.
- Então, minha menina… - dizia o pai
- …como vai ser? O que escolhes? – o tom de voz era o de um tirano – Tens essa
criança e vais educa-la, dizendo-lhe que o pai fugiu, mas não regressas a
Azinhaga do Ribatejo, nunca mais, ou vamos tirá-la daí de dentro e vou-te levar
ao Convento de São Francisco de Bragança?
Aquela pergunta já tinha sido
repetida umas dez vezes nos últimos quinze minutos. Limpou as lágrimas.
- Eu vou ter o meu filho e educá-lo.
- E prometes não voltar a Azinhaga
nunca mais?
- Prometo… - fez uma pausa.
- Prometes o quê? – questionou
rudemente.
- Prometo não voltar a Azinhaga. –
disse.
- E mais o quê?
- E dizer ao meu filho que o pai
fugiu.
O ambiente dentro
daquela divisão era tenso.
ISBN: Código de Autor
NOTA: Siga o blog na coluna lateral e acompanhe a história.
Sem comentários:
Enviar um comentário