Francisco, vamos chamar-lhe assim, era funcionário bancário.
Ao longo dos anos de atividade bancária, Francisco percorreu diversos departamentos, alcançando o topo de carreira com a atribuição do cargo de gerente de uma das agencias da entidade bancária que representava. Foi, durante anos, o responsável pelo mesmo balcão.
Sempre tido como um homem afável, de bom trato, comunicativo, tolerante, bom ouvinte, Francisco rapidamente deixou que a posição profissional lhe criasse barreiras que o levaram à arrogância e prepotência, passando a simpatia a ser direcionada apenas a elementos, potentes pontos de interesse comercial, dentro de um meio social cada vez mais restrito e selecionado.
Francisco era divorciado. No entanto, fazia-se acompanhar por uma namorada que utilizava o meio social deste para mostrar todo o amor e afeto que sentia por ele. Francisco ostentava-a, como se de um troféu que todos ansiavam se tratasse.
Como hobby, Francisco gostava de cantar e pescar. Tinha inclusive planeado que, quando se reformasse, iria investir numa pequena embarcação e passar os seus dias de glória...pescando.
Na sua responsabilidade laboral, cada vez mais ostentava uma postura arrogante, criando dificuldades a pequenos clientes que o procuravam, assim como a colaboradores de menor expressão.
O calendário corria a passos largos para o grande dia. O dia em iria dizer adeus à rotina laboral e cumprimentar a nova vida de lazer.
As semanas que antecederam a chegada da reforma viram Francisco adquirir a tão sonhada embarcação de recreio.
Tudo corria como planejado. O Francisco com o seu barco, a sua namorada esplendorosa, um louco amor demonstrado, muita felicidade e os demais a receberem a sua postura arrogante.
Mas o que veio a acontecer, alterou tudo.
Nos dias que antecederam a chegada à meta laboral, Francisco foi barbaramente, quase, fuzilado por um AVC que o arremessou num estado iminente de vegetal para, primeiro uma cama e depois uma cadeira de rodas. Ficara totalmente dependente de terceiros.
Nesse momento, a namorada que tanto o amava abandonou-o, vindo a juntar-se a outro homem de posição social relevante. Foi um Castelo de Areia que se desmoronou no Tsunami, a grande paixão. O barco ficou ancorado ao cais.
Francisco viu-se quase só. E apenas "quase só" e não "só", porque houve um elemento da sua familia que lhe estendeu a mão e não o deixou cair de todo.
Francisco semeou ventos...
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