quinta-feira, outubro 29, 2015
Caminhava eu, num destes dias por uma dessas tantas terras sem nome, pelo menos para quem nela vagueia em busca de algo, seja lá do que for, até porque, todos nós, buscamos algo, mesmo sem tantas vezes o percebermos.
Mas como dizia, vagueava eu num passo, ora acelerado, ou mais lento, em bom caminho ou em caminho, por vezes mais acidentado, que estas autarquias, como instituições públicas que são, só acertam o caminho por onde os seus governantes passam, olhei na profundeza da rua e vi alguém, uma ilha no meio da multidão.
Olhei e vi essa ilha, por que ela se diferenciava de todas as ilhas que por ali circulavam, com maior ou menor vigor. Não se diferenciava por ser maior, mais bonita, vistosa ou emblemática. Não se diferenciava por ser mais charmosa, bem falante ou sociável. Não! Essa ilha diferenciava-se, porque estava a fazer algo diferente. Essa ilha diferenciava-se, porque estava numa atroz serenidade, daquelas que escondem a desordem. A desordem emocional.
Aproximei-me, a passo lento e suave.
Parei a minha ilha defronte daquela ilha. Isolei a minha história diante daquela história. Amarrei os meus sentimentos, perante aquele porto sem amarras. Olhei-a. Erá um homem sem idade, que essa o tempo já consumira, um ser sem voz, sem postura social, faminto, tinha esse aspecto, sem nada...pensava eu!
Olhei-o, a principio sem nada dizer. Depois, com calma abordei-o, tentando ler as suas páginas, não aquelas que escrevia numa folha encardida, com um lápis já gasto e umas mãos cansadas. Tentei ler a sua história de vida. Aquela que lhe foi madrasta e que ninguém quis mudar. Aquela que o traio e ninguém o quis ajudar, aquela que era a dele, mas que poderia de ser de qualquer um de nós.
Como não sou doutor das emoções, não o consegui ler as suas páginas. Não consegui entender o que me dizia, o que me queria transmitir. Mas consegui perceber que sofria, que tinha fome, que necessitava de ajuda. Percebi que fora abandonado por uma sociedade hipócrita, prepotente, que apenas olha o seu umbigo...até ser também uma ilha isolada e parada, porque sozinhos já estão.
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