sexta-feira, outubro 23, 2015
É notícia, não pelas melhores razões, nos últimos dias, o grande país que é Angola. Grande pela sua área, grande pela sua história, goste-se dela ou não, grande pela sua riqueza cultural, grande pela sua riqueza natural, e será esta a grandeza que o torna também grande, na estupidez dos seus governantes... ou direi ditadores?
Um país como Angola, que se diz democrático, livre e cuja riqueza é pertença do seu povo, só o é no papel, num qualquer papel documento dito de oficial, assim como no dicionário. Na verdade, Angola, não passa de um El-Dourado onde uma família manda, protegida por alguns generais. É um país que se encontra a saque desde a retirada do colonizador português, onde a terra que a todos pertence é usurpada da sua riqueza, por alguns, mediante atroz escravatura de outros.
Na retirada de 1974, o colonizador português entregou o território a uma guerra civil de interesses dispares, onde um lado foi considerado rei e o outro rebelde. Com a morte de Savimbi, propagandeada sem honra ou respeito (não nos podemos esquecer que foi recebido por muitos chefes de Estado em visitas oficiais), a democracia venceu, os rebeldes renderam-se aos Quanzas provenientes da Catoca, da extração do petróleo e do estatuto social.
A luta armada acabou. Pelo menos a militar entre partidos com ideologias diferentes, ou entre o norte e o sul. No entanto, fartos de verem alguns enriquecerem às custas do bem-estar do povo, surgiu a luta cultural. Aquela que é desenvolvida na escrita, na música, na tela. A luta que cega os elevados interesses nacionais, dizem eles, aqueles que um dia tombarão sem honra e glória, como Saddam e Kadafi.
Um dia Angola queria-se livre e rejubilou essa conquista. Um dia Angola foi rainha... hoje faz reis. Reis dos diamantes, do petróleo e das telecomunicações. Um dia Angola, terra fértil, alimentou os seus filhos. Hoje mata-os à fome, despreza-os, humilha-os, como faz com Rafael Marques, Luaty Beirão e tantos mais sem nome e sem rosto.
Será crime contra a humanidade o que dos Santos e todos os seus vassalos da migalha fazem ao seu povo? Claro que sim! Mas neste crime a ONU não mete a mão, nem o Tribunal Internacional dos Direitos dos Homens, porque o sangue dos diamantes alimentam-nos como vampiros famintos.
Luaty é o rosto mediático da revolução social silenciosa angolana que, pacificamente e sustentada na sua elevada qualidade cultural, se está a organizar, reprimida pela força ditatorial de um governo repressivo que se começa a aperceber da fragilidade dos pilares que suportam o execrável comportamento e, camuflado por ilegalidades aceites por Estados submissos e vendidos ao capitalismo e dinheiro sujo de dor, angustia, sofrimento e sangue.
Mas isso não importa, se ele pagar cimeiras, férias luxuosas e replectas de luxuria, assim como garantir uma Bolsa de Valores falsamente estável, numa União, só por si...instável, deficitária e deficiente nas suas estratégias e soluções a problemas sociais.
Luaty está sem se alimentar há mais de 30 dias. Luta por um povo que ama, por uma pátria em que acredita, pela liberdade.
Aconteça o que acontecer, Luaty terá para sempre mazelas físicas, psicológicas e emocionais, se pior não se vier a verificar, com o sucumbir de um Guerreiro da Paz. Valerá a pena lutar? Terá a glória desejada, de ver o seu povo livre? E se todo o povo angolano entrasse em greve de fome, ficaria a Comunidade Internacional, mais uma vez, de cadeirão a assistir a mais um filme de terror em tempo real?
Não tenho qualquer dúvida que sim. Afinal, a hipocrisia e cinismo é a bandeira de todos os países que se alimentam dos diamantes e petróleo angolano.
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