sábado, abril 30, 2016

Puta-que-pariu, Foda-se, Caralho!
- Não digas isso, ou melhor, não escravas isso que há crianças a ler e depois vão repetir, ou há pessoas mais pudicas que não aceitam que digas esses palavrões. Não escrevas que tamanhos palavrões, porque não fica bem e vão-te apontar o dedo e dizer que és mal educado e que não dás bom exemplo aos teus filhos. Anda, apaga!
- Apago uma merda. Digo e repito; puta-que-pariu, foda-se, caralho! Digo e repito, porque ninguém me pode acusar de ser mal educado ou não dar o exemplo. E se alguém o fizer, mesmo aqueles falsamente pudicos, que entre as quatro paredes fazem bem pior do que eu estar a escrever estas palavras; sim, aqueles que aos olhos da sociedade são tão bem vistos, exemplos a seguir, supra-sumos da educação e do saber estar, mas que trancada a porta, batem na mulher, nos filhos, no cão e na sogra, se a velha pensar em meter os cornos onde não é chamada.
- Mas que revolta é essa, homem!?
- Não é revolta. É um sentimento que não sei explicar... um sentimento que se me entranha ao assistir a algumas merdas. Um sentimento, por vezes, de impotência.
- Mas apaga os palavrões. Vá lá!
- Não, não apago. E digo mais, puta-que-pariu a merda das doenças que levam os Homens bons, que lhes infernizam a vida, que os fazem olhar o passado e ver um vazio. Puta-que-pariu os filhos-da-puta que passam a vida a foder os cornos a quem não devem, em vez de baterem com os deles na parede. Puta-que-pariu os filhos-da-puta que se acham superiores aos demais. Caralhos fodam a miséria daqueles que não têm possibilidades de serem alguém, alguém digno.
- Mas homem, falas de quê?
- Falo dos desgraçados que dormem no meio das canas e têm de mijar e cagar no meio das ervas, no orvalho da manhã, com as calças na mão e que nem sabem se vão colocar alguma comida na boca. Falo daqueles que não escolheram ter uma vida miserável, que são atingidos por doenças terminais, que estão expostos a médicos incompetentes, é verdade que nem todos, mas há muitos que são. Falo dos que têm de emigrar, fugir do seu país, deixar de contribuir para a riqueza do país que o viu nascer e não lhe dá o braço, por incompetência de uma classe politica soberba e protegida por uma imunidade desprezível.
_...
- Mas a minha esperança, é que há sempre uma lampada que se acende, quando tantas outras se apagam.

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