domingo, junho 26, 2016

RESPECT




Por mais que se defenda o contrário, principalmente a classe afectada, a verdade é que no meio escolar, por vezes, e quero apenas ali incluir os professores que, de alguma forma se sintam frustrados pelo cargo que desenvolvem, quem se encontra a leccionar perante uma ou mais turmas, tem saídas ou comportamentos reprováveis, perante algum(s) aluno(s), e nunca na linha de orientação que se exige a um profissional preparado, que se espera que seja, quem tem como função complementar o difícil processo de educação de uma criança ou jovem; complementar com conhecimentos úteis, que proporcionem a essa criança ou jovem enriquecer-se, aumentar a sua auto-estima e tornar-se um elemento activo da sociedade, mais enriquecido, mais social e disponível para colocar o seu altruísmo defronte de qualquer adversidade.

A moldagem de carácter de uma criança ou jovem, começa, sem qualquer ponta de dúvida, em casa; com os ensinamentos dos pais, mas principalmente com as suas demonstrações; diz-se que "os filhos são o espelho dos pais". Se até recentemente esta poderia ser uma afirmação válida e correcta, hoje ela é, apenas, parte do puzzle; uma grande batalha para alguns pais.

Qualquer pai ou mãe deseja que o(a) seu filho(a) tenha como princípios básicos de vida e educação, o respeito, a humildade, o altruísmo e o carácter. Estes valores conseguem-se através da transmissão dos mesmos, ou seja, estes valores de vida não são compráveis. Não é possível ir a uma loja e comprá-los. E como tal não é possível, ou são os pais a conseguir, de alguma forma, passar estas virtudes aos seus filhos, ou tais serão, dificilmente, desenvolvidas por eles.

Acontece que, com a evolução dos tempos; e nem sempre evolução é sinónimo de progresso, as crianças e jovens vão olhando cada vez mais para fora do circulo familiar e aí acabam por encontrar alguns ídolos, pelos quais ou nos quais, pela força do marketing associado, adoptam como referência e um exemplo a seguir. Se noutros tempos, naqueles já idos, a filha olhava para a mãe como uma referência de vida, ou o neto para o avô, hoje a realidade é bem distinta; tanto rapazes como raparigas procuram nos seus ídolos externos, um ponto de exemplo para a sua vida, utópica, podendo muitas vezes a sua personalidade e carácter serem moldados a esse mesmo ídolo; forma de vestir, falar e actuar.

Esse ídolo universal sabendo que o é de milhares de crianças e jovens, tem a obrigação moral, social e institucional de apresentar uma postura capaz de transmitir, a quem para ele olha, uma índole positiva e de referência, altruísta.

Há quem defenda que a figura pública que se expõe e quer expor, porque só dessa forma consegue a fama que a levará fazer com que os abutres capitalistas se aproximem e invistam em busca de lucro, proporcionando de alguma forma uma vida faustosa à tal figura pública, também é um ser humano, com direito aos seus erros, etc...; esta é uma verdade que não é tão verdadeira como pode inicialmente parecer.

O facto de serem seres humanos e sujeitos ao erro é uma realidade que não é tão verdadeira como pode inicialmente parecer.  O facto de serem seres humanos e vulneráveis ao erro, é uma realidade que deveriam controlar, uma vez que sabem, também, que esse erro vai influenciar os seus seguidores; não é pelo facto de ter muito dinheiro que o ídolo pode fazer o que quiser, com essa mesma justificação, de que "tem dinheiro para pagar o estrago".

 Ainda observando o momento menos feliz de CR7, ao retirar o microfone de um repórter da CMTV e atirando-o para dentro de um lago, não está em causa o valor monetário do aparelho; afinal, o Cristiano tem dinheiro para pagar uma centena deles. O que está em causa é a atitude, reprovável, o exemplo que transmite e as consequências sociais que poderão advir daquela imagem. Sim, porque o Cristiano pode retirar uma ferramenta de trabalho de um profissional, inutilizá-la, condicionando o trabalho que está a ser desenvolvido e ainda é protegido por agentes da autoridade; que exemplo positivo está o CR7 a transmitir para os milhares de seguidores, crianças e jovens? - Nenhum! - Mas pior ainda é o facto de pais, diante dos seus filhos, nas redes sociais, aprovarem aquele comportamento, reforçando-o positivamente, sob o pretexto de aquele canal de informação, supostamente, o que já foi negado, ter emitido uma reportagem sobre o pai do Cristiano, a qual ele não gostou.

Quando um destes dias, na escola, um daqueles professores que se encontram frustados com o sistema, tiver uma saída menos feliz e fizer um comentário sobre o pai ou a mãe de um aluno, este passa a ter o direito de pegar no material de trabalho desse professor, o computador portátil, por exemplo ou o I-phone, e lançá-lo janela fora, da sala de aula, sob o pretexto de aquele professor ter proferido algo que o aluno não gostou e o facto do seu pai ter dinheiro para pagar os estragos, se assim tiver de ser.

Este aluno jamais poderá ser castigado, uma vez que, tal como o seu ídolo, teve uma reacção aprovada pela sociedade e, certamente, os seus pais terão dinheiro para pagar o estrago. Afinal, o que teve como causa tal comportamento, foi o comentário menos feliz à pessoa do pai/ mãe do aluno. Com algum azar, o professor ainda vai ser alvo de um inquérito e processo disciplinar, apenas porque os pais têm algum poder na sociedade.

Serão estes os valores e princípios que queremos que rejam a educação dos nossos filhos? Pelo que posso constactar nas redes sociais, comentários de rua e afins, sim.

Pois eu não!

Nada tenho contra o Cristiano nem contra a CMTV, mas penso que a UEFA e a FPF, que tanto alegam e promovem o "RESPECT", neste caso específico, ficaram, também elas, mal na fotografia. Se aquele reportar ali está, é porque tem uma credencial da UEFA para tal e a autorização da FPF.

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