sábado, agosto 27, 2016

O riso da sereia




Cada um é como cada qual e se todos fossemos iguais, que piada tinha tudo isto? - Nenhuma! As emoções, essas malandras que nos consomem, atingem-nos de forma diferenciada. E porque assim é, também nós, cada um de nós, reage ao acontecimento de forma distinta entre pares; é assim, pronto!


A certa ocasião da minha caminhada, cruzei-me com um pai e um filho, um do outro, se é que me faço entender, porque filhos eram os dois, mas pai, pela ocasião, era apenas um. Cruzei-me, então, com um pai e um filho, tão cúmplices e tão diferentes nas emoções. O pai, uma pessoa demais nervosa, insegura e bastante tímido; o filho, na ocasião com cerca de dezoito anos de idade, dono de uma tranquilidade, sereno, confiante, que demonstrava uma experiência de vida bastante conhecedora, capaz de o fazer antecipar acontecimentos previsíveis.

Certo dia, em conversa com ambos - eles até podem estar a ler estas linhas - penso eu sem qualquer falsa modéstia - quando lhes coloquei uma questão:

- Mas por que ficas tão nervoso?
- Não sei explicar! - respondeu-me - Sempre fui assim. Quando estou numa situação em que estou ou penso estar a ser avaliado ou observado, fico bastante nervoso, transpiro, sinto enorme ansiedade.

Dirigi-me ao filho e coloquei a questão de forma inversa;

- Não ficas nervoso?
- Para que é que vou ficar nervoso? - retorquiu - Os nervos só vão servir para atrapalhar. - respondeu firmemente - Se tenho de fazer, faço!

E assim é; se temos de fazer, fazemos. Se temos de sorrir, sorrimos, se temos de de chorar, choramos; mas a verdade é que nem todos temos de o fazer da mesma forma, nem todos temos de sorrir ou gargalhar da mesma maneira e nem todos temos de chorara de igual modo.

Porque não necessito de movimentar os lábios num sorriso aberto, se estou contente, nem imitir uma sonora gargalhada se achar piada a alguma brincadeira - e não é por isso que não achei piada -, assim como não tenho de chorar em pranto descontrolado se estiver triste e angustiado - e não será por causa disso que não estou em sofrimento.

Cada um é como cada qual! - Temos de saber respeitar a emoção alheia e a forma como ela se expressa. O sisudo pode estar muito feliz e o contente numa tremenda depressão.


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