"- Não te vou poder aprovar a proposta. – avançou o deputado Junqueira.
– Está muita coisa em jogo. – disse o
ministro, olhando-o nos olhos.
- Estás a falar de quê? – fez uma pausa,
bebericando um pouco mais do malte – Do acordo que o Joaquim tem com os
alemães?
- Sabes perfeitamente que sim. – levantou-se –
Se lhes comprarmos o material, o Chanceler aprova um apoio ao perdão de parte
da dívida, que será sempre camuflado como uma renegociação. – avançou o
ministro da defesa.
- Não vai dar… - disse - … os belgas pagam
mais do que esse perdão… - fez uma pausa - …escuta… - levantou-se - …caga nessa
merda do perdão da dívida. Alguém a irá pagar um dia. – caminhou até ao bar e
serviu-se de um pouco mais de whisky. - …achas que vamos ser nós? Que ideia é
essa? – olhou-o – Vamos cagar dinheiro, amigo. – continuando – Cagar dinheiro!
– quase soletrou. – caminhou até junto de José Oliveira, pouso-lhe a mão
esquerda sobre o ombro direito e, dando suaves pancadas, continuou – E quanto
ao Joaquim… - fez uma pausa, contornou a mesa de trabalho e voltou a sentar-se
- …ele que se foda.
- Epá, o gaijo quer concorrer a mais um
mandato, mas ainda não falou nada comigo sobre a coligação.
- E precisas dessa merda para alguma coisa? –
olhou-o – Sai da visibilidade e transporta-te para a penumbra.
- Sei que tens razão.
- Olha para mim. Achas que quero poleiro?
Ganho bem mais na escuridão. Sou respeitado, tenho dinheiro e uma vida
confortável."
- Miguel Branco -
Foto: aar
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