terça-feira, novembro 26, 2019

Momentos - O Senhor do chapéu de chuva


Todos os dias, pela manhã, pelas 7:30 horas da manhã, seja Verão ou inverno, faça chuva ou faça sol, quando passo naquela estrada a caminho do trabalho, lá vai ele, no seu ritual matutino, calcorreando, após estacionar devidamente o seu automóvel, aquele senhor de feita  idade. Já o vejo naquela caminhada faz tempo. Segue sempre a mesma vereda, aquele caminho que já lhe conhece os passos, a passada, a cadência.
            Todos os dias, pela manhã, lá vai ele, num passo que não sendo apático, não é apressado. É um passo de quem quer manter uma actividade física e iludir a inércia amorfa e demente para onde o Estado e as suas directrizes o enviaram, quando lhe outorgaram o tempo da reforma sem o prepararem para o vazio.
            O Senhor que pela manhã vejo caminhar, contrariando um estado gradativo de decadência, fá-lo determinado e com uma idiossincrasia interessante; debaixo do braço carrega, ao longo de todo o ano, um chapéu de chuva.
            Afinal, Homem prevenido vale por dois.

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