Mantêm-se expectante - tal
como na vida, de quem aguarda um dia melhor, um dia de cada vez, a cada dia que
passa, que um melhor dia chegue a cada raiar do dia – junto ao semáforo,
que o vermelho acenda para os veículos, impedindo-os de avançar – como o
ditador ao povo que quer a sua liberdade de movimento e auto-determinação – mas
que lhe proporcione breves segundos que podem marcar uma vida, possa também ele
– por vezes ela e outras tantas vezes ele
e ela – com sorrisos no rosto estampados, sorrisos de prazer e angustia,
num mesclado de agridoce, deslizar até meio da passadeira – porque na verdade aquele é o meio caminho
entre viver e sobreviver – e aí
mostrar aos juízes, muitos deles com expressão de asco – que se mantêm
longe do frio, da chuva, do sol e do calor, todo o seu potencial de malabarismo
e habilidade, deambulando depois entre o emaranhado de viaturas de motores
ronronantes - ávidos de asfalto, perfeitas
bancadas andantes – sempre com o
sorriso tatuado no rosto, um chapéu de trapos gastos numa mão e as maçarocas
na outra e um permanente “obrigado” – mesmo
quando a moeda não tilinta no interior do concavo – aguardando a aprovação
dos que por ali assistem. Depois, bem depois tudo recomeça, uma e outra vez.
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