“São quentes e boas, quentinhas!” – o pregão
do homem que vende castanhas e aquece as mãos no calor expedido - pelas brasas –
ecoa rua abaixo num ricochete entre as paredes velhas e cansadas da rua agora
meio vestida, meio despida, mas que em tempos idos aquecia as manhãs, as tardes
e os inícios das noites de Outono com o calor humano e a azáfama de quem, num
corropio, procura as primeiras prendas, as casas de tecidos em busca de um
padrão da moda ou, simplesmente, uma padaria ou pastelaria para adocicar a boca
e alimentar o espírito.
“São quentes
e boas, quentinhas!” – vai apregoando, enquanto olha sem procura definida nas
diversas direcções da rua, com um timbre grave, cansado do frio agreste,
rasgado pelo vento atroz, massacrado por um tempo sem tempo construído e
concluído.
“São quentes
e boas, quentinhas!” – informa mais uma cliente, enquanto lhe entrega, em
troca, um cone de papel de jornal com uma dúzia de castanhas assadas no seu
interior, por um punhado de moedas.
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