Vem, irmão no silêncio,
De uma vida de dor
Que te queimou a voz
Que te arrancou a alma
Te amarrou na solidão
Arrastas-te no caminho,
No amparo do cajado
De uns pés cansados
Pelo tempo, rasgado
O teu corpo dilacerado
Em busca do Martinho.
Vem, meu irmão,
Apoia-te em meus ombros
De dois, um seremos
No caminho firme e duro
Um caminho faremos dourado
Do andar de pés tiranos
A força do Louvado.
E quando um dia chegarmos
A porta que nos aguarda
Estará aberta Além
Para finalmente, tranquilos
Descansarmos.
Miguel Branco em "Aurélio, o sem-abrigo"
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