quarta-feira, junho 22, 2016

Portugal, Portugal, Portugal


As viagens de comboio são realmente uma fonte de inspiração para a escrita de algumas frases, mas também espaço de enormes surpresas e apreciações realmente fantásticas. Daquela porta para dentro, no espaço de cerca de trinta minutos tudo pode acontecer, se escutar ou observar.

A minha saída do trabalho indicava que Portugal se encontrava empatado a um golo com a seleção da Hungria. Cerca de dez minutos foi o tempo que mediou a minha chegada ao comboio, depois de uma caminhada, um autocarro e outra curta caminhada.

Ansiava a chegada ao comboio, pois o calor que se fazia sentir era tanto que o ar condicionado e o fresco daquele vagão me iria saber bem. Entrei e logo me sentei no primeiro banco livre que encontrei. Quatro filas mais adiante, um grupo de quatro senhoras e três senhores ocupavam quatro bancos do dito comboio. Percebi algum reboliço. Espreitei, tentanto perceber o que se passava;

- Três a dois. Já fomos. - disse uma das senhoras.
- Quanto? - indagou, mais admirado do que interrogativo, um dos cavalheiros.
- Três a dois.
- Não pode ser!
- Pode pois! - confirmou, pegando no telemóvel e colocando o relato em alta-voz.

O relato foi escutado por toda a carruagem. E enquanto os homens se mantinham tranquilos, as senhoras, com o relato em alta-voz e a partilharem um par de auscultadores, iam esgrimindo alguns argumentos contra o nosso selecionador, acusando-o de não saber montar uma equipa de ataque, indicando que jogadores deveria levar a jogo e quais os que não tinham lugar na equipa. Verdadeira experts.

Vai às tantas e percebendo a incredulidade das senhoras e toda a sua agitação, comenta;

- Um destes dias estão as mulheres a beber mínis e a comer tremoços, enquanto nós somos mandados para a cozinha lavar loiça.

Elas olharam para ele e logo lhe disse uma;

- Cala-te homem, olha que quando chegares a casa vais é para o tanque. - saindo uma risada estrondosa entre o mulherio.

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