terça-feira, janeiro 31, 2017
# Oito milhões e um devaneio
É sabido que se comemora, este ano, os cem anos das aparições de Cova de Iria, em Fátima. E como qualquer centenário, também este vai ser celebrado com grande carga emocional por parte dos católicos cristãos.
Ao que parece, segundo a organização do evento, que vai contar com a presença do seu representante máximo, o Papa Francisco, espera-se que estejam presentes nas festividades comemorativas, cerca de oito milhões de peregrinos, oriundos dos quatro cantos do planeta.
Oito milhões de cabeças; oito milhões! É muita gente, mas mais do que isso, é muita gente concentrada num espaço que, para quem conhece, não tem, nem de perto nem de longe, capacidade para tal.
Quem me conhece sabe que não sou religioso; sou ateu. No entanto, mesmo sendo ateu, tenho um espirito suficientemente aberto para querer perceber, ou pelo menos tentar, alguns comportamentos de quem realiza ou cumpre promessas religiosas.
No Verão passado, até porque não conhecia o espaço e a pretexto da necessidade que um familiar tinha em se deslocar ao Santuário, visitei o local e a localidade. Não importa agora a minha opinião sobre o que vi, relativamente ao comportamento dos outros e à forma de negócio que ali se desenvolve.
Hoje, neste meu devaneio, quero abordar a questão da comemoração do centenário, na vertente da segurança local.
Ou seja, partindo do principio que vão afluir ao Santuário e à localidade de Fátima os tais oito milhões de peregrinos, percebe-se, logo à partida, que nem o Santuário nem a cidade têm capacidade para dar resposta a tão elevado fluxo de gente. resposta nas dormidas - e é por essa razão que, num raio superior a 60 quilometros, para esses dias, tudo o que são hotéis, pensões, residenciais e outros, já se encontram esgotados - na restauração e, também, na segurança. E era aqui que eu queria chegar, à segurança.
Para quem conhece Fátima e o Santuário, percebe perfeitamente que, apesar da dimensão do átrio do culto, jamais ali caberão - a lotação oficial é de 300 mil - oito milhões de pessoas. Depois, existe o problema da envolvência exterior ao santuário, composta por ruas pequenas em extensão, emaranhadas e de largura confinada a meia-dúzia de metros, o que condiciona a mobilidade dos transeuntes, das equipas de emergência médica e das brigadas de segurança. E é aqui que reside o busílis da questão.
Não passa de um devaneio meu, esta minha reflexão. Mas num momento tão sensível da segurança internacional, como o planeta e as Sociedades estão a atravessar, com Presidentes terroristas sempre à espreita da oportunidade de deixarem o seu crivo registado de forma vincada e profunda, como um lanho dilacerante, como a Falha de Stº André - Califórnia - não é de todo possível acreditar-se que, num local onde se prevê que possam estar reunidas oito milhões de pessoas, desde crianças de colo, a adoentados, até a gente idosa com fraca mobilidade, se consiga evacuar toda a multidão, no caso de um qualquer louco se infiltre, conseguindo escapar à malha de alta segurança - que certamente deve estar a ser preparada - e desferir um ataque suicida.
Por mais pequeno que este ataque seja, o pânico que poderá provocar, levará a que a multidão tente dispersar; milhares irão morrer espezinhados por outros tantos milhares.
Por mais bem elaborado que seja o plano de vigilância e segurança, encontrar uma agulha num palheiro é uma missão impossível, até porque, cada vez mais, os Jihadistas recrutados possuem um aspecto ocidental.
Mas esta reflexão é apenas um devaneio da minha mente socialmente perturbada.
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