sexta-feira, junho 12, 2020

A cor da batalha

Ardem as ruas
Numa luta cega
Sem regras, com sentimento
Na busca do alimento
Que a uma sociedade
Débil e vulnerável
Ludibriada pela efémera luxuria
Mate a fome.


Mas lá do alto
Bem alto,
Tão alto que se julga
Numa queda anunciada
O castelo de areia
São nuvens negras que descambam
Sobre uma sociedade que deixou de ser surda.

Poderá ou conseguirá o do alto,
Uma guerra, não, várias guerras,
Várias frentes de batalha, vencer?
Conseguirá com mão de ferro ganhar,
A morte que infligirá
Sobre o povo que lhe deu
O poder de assassinar?
De fazer sofrer
Os do sul que outrora
Não jamais,
Nos campos de batalha
pela sua cor vieram a morrer.

Tombaram heroicamente
Por uma igualdade honrada
Por direitos de quem não quer ver
Pela liberdade de sangue
A voz levantaram
E iguais que são
Ainda há quem não os consiga ver.

E hoje, as ruas ardem de ódio,
Ardem na manifestação do horror
Queimam quem nas mãos tem o sangue
Quem nas mãos tem as armas
Quem mata, lentamente, uma sociedade,
Uma democracia,
Uma paz de trabalho, imenso,
Numa mentira duradoura!

                  - Jorge Ortolá -

*A George Floyd







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