sábado, setembro 03, 2016

Soldado




Partiste num adeus confuso
Naquela manhã ao acordar
e contigo levaste prosas e certezas
Sonhos, magoas e no luar
Juramos amor eterno, ao sol
Paixão futura, tu areia e eu o mar.

E no livro que escrevemos
Na capa que desenhaste
O fim não soube anunciar
O fim não soube contar
O fim não se pode ler e amar.

Largaste a caneta antes do raiar
Onde as palavras foram de sabão
Que se desfizeram nas lágrimas secas,
Nas lágrimas sentidas de um soldado, ladrão.

A luta terminou num incentivo, ataque
Na epopeia vindoura de sentimentos
Na busca de um Porto Sentido.

No caminho de ondas velejo agora só, perdido
Perdido ao vento, agasalhado nas rajadas
Entorpecido nas marés, grandes vagas.

Abri os braços e elevei-me aos céus,
Fechei os olhos e vi galáxias,
Cosmos de sensações novas à deriva.

Perguntaste-me, um dia, amiudes
Se sabia controlar meus sentimentos
E eu,  eu respondi-te sem medo
Na razão e na certeza
Que sei amar os momentos.

E num voo picado te entregas
E num mergulho de vertigem me entrego
E tu em mim te pegas
E eu em ti me pego.

Naquele adeus estranho e confuso
Naquele momento de olhar embargo

Deixo-me dormir, acordado.

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