sexta-feira, abril 03, 2020

Ensaio sobre o amor - 12 - Armando


ARMANDO
           
                                                                                                                         Final da tarde

            Hoje estou muito contente. Gostava que o dia de escola não tivesse terminado. A Margarida esteve quase sempre comigo. Conversamos sobre tantas coisas. Ela está mais tempo comigo do que os outros colegas, mas não me importo. Gosto da sua companhia.
A Margarida contou-me das suas férias em Lisboa, na casa da avó, que tinha visitado o Castelo de S. Jorge; quem me dera poder visitar o Castelo de S. Jorge. Na verdade não sei o que é um castelo, mas se a Margarida diz que é bonito, é porque é. Falou-me também dos passeios no rio Tejo, num barco que se chama Cacilheiro; eu só uma vez é que andei de barco e foi no rio Almonda, quando o senhor Afonso me levou a passear. Disse-me que um dia me levava a pescar; prometeu-me.

            A minha amiga Margarida, sim, porque já somos amigos, pegou-me na mão e ajudou-me com o desenho da folha. E quando demos um abraço em conjunto, pareceu-me que ela me deu um beijinho na cara. Ainda sinto o seu perfume a flor de jasmim.


            Naquele fim de tarde, Armando ali estava, naquele pequeno quintal do espaço da casa de seus pais, a contar passos, para a frente e para trás, mas desta feita com um sorriso nos lábios. Estava feliz.
            Manuela observava-o, da porta da cabana, em silêncio.
Ali se manteve, aproximadamente, cinco minutos esquecidos.

            Estou a contar os meus passos e a pensar na Margarida, quando a mãe me chama para o jantar. Já é hora de jantar? Mas ainda há pouco cheguei da escola! Pego no meu cajado de pau e vou para dentro de casa.

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