ARMANDO
Final da tarde
Hoje estou muito contente. Gostava que o
dia de escola não tivesse terminado. A Margarida esteve quase sempre comigo.
Conversamos sobre tantas coisas. Ela está mais tempo comigo do que os outros
colegas, mas não me importo. Gosto da sua companhia.
A Margarida contou-me das suas férias em
Lisboa, na casa da avó, que tinha visitado o Castelo de S. Jorge; quem me dera
poder visitar o Castelo de S. Jorge. Na verdade não sei o que é um castelo, mas
se a Margarida diz que é bonito, é porque é. Falou-me também dos passeios no
rio Tejo, num barco que se chama Cacilheiro; eu só uma vez é que andei de barco
e foi no rio Almonda, quando o senhor Afonso me levou a passear. Disse-me que
um dia me levava a pescar; prometeu-me.
A minha amiga Margarida, sim, porque
já somos amigos, pegou-me na mão e ajudou-me com o desenho da folha. E quando
demos um abraço em conjunto, pareceu-me que ela me deu um beijinho na cara.
Ainda sinto o seu perfume a flor de jasmim.
Naquele fim de tarde, Armando ali
estava, naquele pequeno quintal do espaço da casa de seus pais, a contar
passos, para a frente e para trás, mas desta feita com um sorriso nos lábios. Estava
feliz.
Manuela observava-o, da porta da
cabana, em silêncio.
Ali se manteve, aproximadamente, cinco
minutos esquecidos.
Estou a contar os meus passos e a
pensar na Margarida, quando a mãe me chama para o jantar. Já é hora de jantar?
Mas ainda há pouco cheguei da escola! Pego no meu cajado de pau e vou para
dentro de casa.
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